O presidente do Chega, André Ventura, defendeu, esta segunda-feira, que, a partir do momento em que o Governo passe a estar em gestão, não deve tomar nenhuma decisão que implique grandes investimentos para o país.

“A partir do dia 7 o primeiro-ministro está em gestão, o que significa que deve apenas fazer a gestão deste Governo e não há nenhum investimento de grande monta, que deve ficar para o próximo Governo”, defendeu.

André Ventura falava aos jornalistas antes da visita a um mercado de Natal, em Lisboa, quando foi questionado sobre as datas de formalização da demissão do Governo, esta quinta-feira, e a dissolução da Assembleia da República, em 15 de janeiro, anunciadas pelo Presidente da República.

“Acho que a partir do momento em que seja formalizada a demissão do senhor primeiro-ministro, no dia 7 deste mês, é importante que o senhor primeiro-ministro tenha noção que está em gestão, e isso significa que a partir desse dia deve evitar avanços e decisões em matéria de adjudicações não fundamentais, obras públicas não fundamentais, etc, etc, etc”, salientou.

Ainda assim, André Ventura defendeu que essa passagem a Governo de gestão “não pode também servir de desculpa para que aquilo que tem que ser feito, por exemplo, na saúde, não seja feito“.

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“O que temos visto é o Governo, que é muito curioso aliás, dizer que tem de avançar com o TGV porque senão perde os fundos europeus, mas não vai concluir as negociações com os médicos e os enfermeiros porque isso já fica para o próximo Governo“, criticou, defendendo que um executivo de gestão “não está impedido de tomar decisões na área da saúde em matéria de negociação de salários, de carreiras, mas também de meios operacionais para que os serviços estejam abertos”.

Na ocasião, André Ventura foi questionado também sobre as declarações do primeiro-ministro, que confirmou na sexta-feira a intenção de lançar o primeiro concurso para a construção da linha de alta velocidade entre Lisboa e Porto em janeiro se houver acordo do líder do PSD e do futuro líder do PS.

Concurso para linha de TGV entre Lisboa e Porto avança em 2023. Primeiros troços concluídos em 2028

O presidente do Chega defendeu que “obras públicas que mexem com grandes investimentos públicos, como é o caso do TGV”, devem ser decididas pelo próximo Governo.

Apontando que “é de desconfiar esta pressa de António Costa”, Ventura afirmou que, dadas as eleições legislativas, Bruxelas não vai “impedir fundos europeus de serem aplicados por uma questão de dois meses ou de três”.

Sobre a visita ao mercado de Natal no Parque Eduardo VII, André Ventura considerou necessário “estimular o comércio local” e “os políticos nesta fase sobretudo, em que vai haver eleições, mostrarem que estão ao lado das pessoas” e tentar “estimular esses negócios”.

Depois de falar aos jornalistas, o presidente do Chega visitou o mercado e falou com comerciantes sobre como estava a correr o negócio, provou uma fartura, brindou com uma ginjinha e até fez questão de andar no carrossel infantil, juntamente com outros dirigentes do partido.

Ventura foi também abordado por algumas pessoas que lhe pediram para tirar fotografias e ‘selfies’, tendo comentado que estava a assemelhar-se ao Presidente da República. E ainda jogou um jogo que consistia em tentar derrubar latas com uma pistola de pequenas balas de plástico, mas não ganhou prémio, pois não derrubou todas as latas.

O líder do Chega disse que ia imaginar que se tratava do primeiro-ministro, António Costa, e à medida que iam caindo as seis em que acertou, a comitiva ia dizendo os nomes de outros socialistas, como o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, o antigo ministro das Infraestruturas, João Galamba, ou o ministro das Finanças, Fernando Medina.