Finanças
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Por Roberta Costa, Valor — São Paulo

Os preços ainda estão em patamares desconfortáveis em muitas das principais economias do mundo e os bancos centrais continuam enfrentando o desafio de fazê-los voltar para patamares próximos às suas metas de inflação, mantendo altas as taxas de juros.

O quadro é de pressão inflacionária em todos os lados do globo, embora em muitos casos já tenham abandonado seus picos pós-pandemia. Este ambiente veio justamente como resultado dos enormes estímulos fiscais e/ou monetários dados pelos países às suas economias na pandemia de covid-19.

As economias avançadas registraram as maiores taxas de inflação nas últimas décadas, empurradas também pela perturbação nas cadeias de fornecimento, pela menor oferta de petróleo e gás, além de alimentos, por conta da guerra na Ucrânia. Na Europa, justamente pelo efeito da guerra, o choque foi mais sentido pelo lado da oferta, pelas altas fortes dos preços de energia e alimentos. Já nos EUA, a inflação tem uma característica mais voltada para a demanda, ainda aquecida apesar do aperto monetário.

Entre os países emergentes (ou em desenvolvimento), a inflação também avançou, mas não ficou tão longe do que se viu mais comumente em períodos de mais pressão sobre os preços (principalmente nas nações mais dependentes de commodities), e países como Brasil exibem atualmente índices de preços ao consumidor menores de que alguns países avançados.

Casos como as inflações da Turquia, Argentina e Venezuela são especiais, porque já viviam uma situação de desorganização em suas economias, que foi exacerbada pelos choques pós-pandemia (vide tabela e gráfico abaixos).

Como os bancos centrais estão agindo?

Em movimento coordenado, as taxas de juros subiram em todo mundo, em proporções condizentes com as realidades locais. A alta do juro é uma ferramenta poderosa para conter a demanda e, assim, as pressões inflacionárias.

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Nos EUA, o juro está em 5,5% é o maior em 22 anos. Na zona do euro, a taxa a 4,0% é a maior desde o lançamento da moeda única, em 1999. No Reino Unido, o juro básico chegou a 5,25% mais elevado em 15 anos. O Japão mantém o juro negativo (-0,1%), mas vem dando sinais de que pode abandonar esta realidade. Por enquanto, ampliou a margem em que os juros de seus títulos soberanos podem subir: antes suas intervenções mantinham as taxas próximas de zero (do papel de 10 anos); agora elas podem oscilar até cerca de 1%

Nos emergentes, o movimento de elevação foi o mesmo, mas países como o Brasil (que começou o ciclo de aperto antes do BC americano) e Chile, já começaram a redução de suas taxas neste ano.

Um índice da Fitch (agosto/23) sobre dispersão geográfica dos movimentos dos juros últimos seis meses e que agrega 39 bancos centrais, mostra o que nos mercados emergentes o patamar permanece acima de 50 (indicando que uma maior proporção de bancos centrais apertou em vez de cortar os juros neste período), mas vem caindo significativamente nos últimos meses, em contraste com o índice dos mercados desenvolvidos, que permanece alto.

Qual o risco que a inflação alta traz?

A inflação significa uma perda de poder de compra ao longo do tempo e quando em aceleração desestabiliza a economia como um todo e penaliza especialmente os mais pobres, cujos orçamentos são em grande parte tomados por produtos e serviços básicos, como alimentos, energia e transporte, e não podem se proteger com ativos financeiros.

Do ponto de vista macroeconômico, a ação dura dos bancos centrais pode levar, em tese, as economias para uma desaceleração ou mesmo recessão, fechando empresas e elevando o desemprego. Mas, sem um controle forte sobre a inflação corrente e sobre as expectativas de inflação, torna-se difícil planejar o futuro, tanto do ponto de vista das famílias, quanto das empresas e governos. Então, o desafio dos bancos centrais é não deixar que uma pressão inflacionária se torne persistente, difícil de se dissipar.

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