Cerca de um dia após o juiz Arthur Engoron ter considerado Trump e os filhos responsáveis por fraude, alegando que durante uma década terão enganado bancos e seguradoras ao sobrevalorizarem os seus bens, vários especialistas dizem que o império do antigo Presidente norte-americano poderá entrar em colapso.

A queda poderá ser eminente se o recurso judicial, que tanto Trump como os filhos já manifestaram intenção de interpor, não for frutífero para reverter a decisão. Desta forma, segundo o The Guardian, começaria uma venda de ativos que abrangeria propriedades como a Trump Tower, em Nova Iorque, ou Mar-a-Lago, na Florida, caso seja provado que não é a sua residência oficial.

Juiz considera que Donald Trump e filhos cometeram fraude em Nova Iorque

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David Cay Johnston, autor do livro TheBigCheat: How Donald Trump Fleeced America and Enriched Himself and His Family (qualquer coisa como O grande vigarista: como Donald Trump roubou a América e se enriqueceu a si e à sua família, em português), acredita que, a menos que exista uma “reversão altamente improvável por parte de um tribunal de recurso”, “os ativos comerciais de Trump acabarão por ser liquidados, uma vez que não pode operá-los sem uma licença comercial”. Além disso, afirmou que as propriedades seriam vendidas a “preço de saldo”.

A opinião é seguida pelo investigador de fraude empresarial William Black, que antecipou que, “nas finanças, quando dominó começa a cair torna-se, basicamente, impossível salvá-lo”. Como o juiz teve, no seu entender, “sucesso em demonstrar que as propriedades estão sobrevalorizadas”, esses bens estão agora “mais afetados”. Isto significa que “o mais provável é que, se conseguirem um agente [imobiliário] honesto, sejam vendidas com prejuízo”.

Por sua vez, Michael Cohen, antigo advogado de Trump, considerou que o juiz colocou o ex-Presidente dos EUA “fora de mercado” em Nova Iorque após ter ordenado que os certificados empresariais da Organização Trump e de outras empresas que detém fossem canceladas. “Essas empresas acabarão por ser liquidadas… o juiz já determinou que a fraude existia”, afirmou.

A decisão preliminar de Arthur Engoran surge no seguimento de um processo movido por Letitia James, procuradora-geral de Nova Iorque, que deverá ir a julgamento no próximo dia 2 de outubro.

Esta quarta-feira, a equipa jurídica de Trump questionou o juiz sobre os efeitos práticos da sua decisão: seria necessário vender os ativos e os negócios ou poderiam continuar a operar sob administração judicial? Arthur Engoran respondeu que a questão seria abordada no julgamento e deu 30 dias para que as partes sugiram nomes para assumirem o cargo de administradores das diversas empresas.