Finanças
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Por Álvaro Campos e Rafael Vazquez, Valor — São Paulo


O diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, citou em evento nesta terça-feira a fala de um economista que costuma dizer que a economia brasileira é como um “cavalo quente” — ou seja, é só soltar um pouco as rédeas que ela gosta de andar mais forte. Ele explicou que o comentário se refere a um cenário mais geral, e não de curtíssimo prazo, já que as projeções mais imediatas apontam para perda de força da atividade, até porque a política monetária segue restritiva.

Ele afirmou que existe uma interpretação na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de que as recentes surpresas positivas com o crescimento da economia brasileira podem sinalizar que está se fechando o hiato do produto (uma medida da ociosidade da economia). Entretanto, também há no mesmo documento um comentário de que as revisões para baixo na inflação e para cima no crescimento “podem oferecer indícios de um PIB potencial um pouco maior”, ou seja, de que existiria espaço para o Brasil crescer mais com menos inflação. “São indicadores positivos.”

O diretor minimizou a pressão do presidente Lula para que a autoridade monetária acelere o corte de juros. Galípolo, que foi indicado para o cargo saindo do Ministério da Fazenda, afirmou que se trata de um debate “republicano” e “saudável”. “É saudável que se tenha um debate republicano e democrático sobre qualquer dimensão da economia. Qualquer pessoa dentro ou fora do governo”, disse, reconhecendo um desafio em torno da autonomia do BC, mas ressaltando que é legítimo que um governo manifeste sua opinião.

Ao traçar o cenário internacional, Galípolo apontou que alguns analistas têm dito recentemente que os Estados Unidos passam por um cenário de “desinflação imaculada”, em que a política monetária mais restritiva consegue reduzir a inflação sem os tradicionais efeitos colaterais negativos na economia — a expressão foi usada também nesta terça-feira pelo Nobel de Economia Paul Krugman, em evento no Rio.

Questionado se o conceito de “desinflação imaculada” se aplicaria no Brasil, o diretor não respondeu diretamente. “A gente vem observando um processo de desinflação em que o mercado de trabalho permanece resiliente [...], então podemos dizer que temos dado o remédio e, desse ponto de vista do sintoma, não tem tido o sofrimento de efeito colateral, na dimensão que talvez fosse esperado.”

Ele também comentou que o real é uma moeda de “carry trade” e que a queda do diferencial de juros entre emergentes e países desenvolvidos gera um debate sobre o impacto para as economias dos países em desenvolvimento.

O diretor apontou que a China passa por questão conjuntural no mercado imobiliário e estrutural de alteração do polo de crescimento, saindo de uma expansão mais calcada em construção para um padrão mais voltado para tecnologia e consumo. E é preciso avaliar os impactos para as commodities.

Já os EUA passaram por várias fases nos últimos meses, saindo de um “hard landing” (desaceleração forte da economia) para um “soft landing”, depois um “no landing” e, mais recentemente, a “desinflação imaculada”. “Agora, regrediu para um ‘higher for longer’ [taxas altas por mais tempo]. E é preciso avaliar os efeitos desse juro.”

Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do BC — Foto: Pedro França/Pedro França/Agência Senado
Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do BC — Foto: Pedro França/Pedro França/Agência Senado
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