O Banco Central Europeu (BCE) realiza na quinta-feira uma reunião de política monetária, da qual poderá sair uma nova subida das taxas de juro, que os analistas antecipam que será de 25 pontos base.

No início de maio, a instituição liderada por Christine Lagarde aumentou a taxa dos depósitos em 25 pontos base para 3,25%, um abrandamento apoiado pela maioria dos membros do Conselho. Antes disso, o BCE tinha subido as taxas de juro em 50 pontos base.

A taxa de juro das principais operações de refinanciamento subiu para 3,75%, a taxa de facilidade de depósito passou para 3,25% e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez subiu para 4%, o nível mais alto desde outubro de 2008.

Contudo, segundo a ata da última reunião, alguns membros do Conselho do BCE defenderam uma nova subida em 50 pontos base para controlar os riscos inflacionistas, uma decisão que “demonstraria mais claramente a determinação […] em alcançar a estabilidade dos preços face a uma inflação elevada e mais persistente”. Perante este cenário, espera-se agora que o BCE volte a aumentar as taxas de juro em 25 pontos base, mantendo uma política restritiva até a inflação regressar ao patamar dos 2%, apontou o Singular Bank.

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Numa nota de ‘research’, o BPI prevê igualmente uma subida de 25 pontos base e que a taxa de depósitos seja fixada em 3,50%. “Assim, os aumentos acumulados desde julho de 2022 aumentarão para 400 pontos base, mas o movimento de junho supõe um ritmo mais prudente e que permitirá uma melhor calibração do grau adequado de aperto que deve assumir a política monetária”, lê-se numa nota informativa da instituição financeira.

Para o BPI, é também provável que o BCE sinalize que poderá fazer um novo aumento em julho, “seguindo a estratégia de gradualismo e prudência, e condicionando sempre as decisões à evolução dos dados”. Na sua síntese de maio, o Fórum para a Competitividade manteve a expectativa de que o BCE “suba as taxas pelo menos duas vezes neste ciclo de aumento das taxas de referência”.

No mesmo sentido, a ATL Capital dá como certo um novo aumento das taxas, que poderá repetir-se no mês seguinte. Os analistas do banco Nomura (Luxemburgo) antecipam igualmente um aumento nesta ordem e esperam que o BCE reduza marginalmente as suas projeções para o crescimento do PIB. “O BCE só começará a cortar as taxas no quarto trimestre de 2024”, sublinhou, citado pela agência EFE.

Em 5 de junho, a presidente do BCE disse que, se os governos do euro não retirarem os apoios para a crise energética, haverá um aumento das pressões inflacionistas, que exigirá “uma resposta mais forte da política monetária”.

“À medida que a crise energética se desvanece, os governos devem reverter as medidas de apoio relacionadas de forma rápida e concertada para evitar o aumento das pressões inflacionistas a médio prazo, o que exigiria uma resposta mais forte da política monetária”, declarou Christine Lagarde.

O BCE começou a subir as suas taxas de juro em julho do ano passado, tendo aprovado anteriormente vários aumentos de 50 e de 75 pontos base. No comunicado divulgado em maio, a instituição não deu qualquer indicação clara sobre a continuação do ciclo de subida das taxas de juro. As decisões futuras do BCE “garantirão que as taxas de juro ficam em níveis suficientemente restritivos para permitir um regresso rápido da inflação ao objetivo de 2% a médio prazo”, indicou o texto.