O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu limitar os voos no Aeroporto Santos Dumont, em meio a uma cruzada do prefeito do Rio, Eduardo Paes, para viabilizar financeiramente o Aeroporto Internacional do Galeão. Após uma reunião com Lula e o ministro Márcio França (Portos e Aeroportos) no Palácio do Planalto, Paes disse que, por ordem do presidente, os voos no Santos Dumont ficarão restritos à ponte aérea Rio-São Paulo, com pouso em Congonhas, e aos voos entre Rio e Brasília. Os demais voos com origem e destino no Rio serão feitos a partir do Aeroporto Internacional Galeão. Uma fonte próxima a Lula confirmou ao Valor que o presidente deu essa determinação.
"O que eu pedi a ele é aquilo que pedimos muito desde o governo Bolsonaro e não fomos atendidos e, hoje, o presidente decidiu que vai fazer. Ainda vai decidir data, mas o aeroporto Santos Dumont vai passar a ser tão somente para a ponte-aérea Rio-São Paulo (Congonhas) e Rio-Brasília. E o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro volta a ter os voos domésticos que sempre teve, o que permite que o Galeão seja um hub internacional", disse Paes. "Decisão tomada do presidente Lula. Ele deu o comando e a determinação para que se faça isso."
O prefeito afirmou, além disso, que o governo adotará medidas para impedir que passageiros com voos internacionais em outros aeroportos possam fazer check-in no Santos Dumont - outro fator de esvaziamento do Galeão.
"Não tem voo direto para Miami, Paris e Nova York. Mas não vai ser possível fazer check-in no Santos Dumont para voos internacionais que saem de outros aeroportos", afirmou.
Paes disse que a decisão de Lula é "importantíssima, sob todos os aspectos".
"O Rio é uma cidade que precisa de um aeroporto internacional, é a porta de entrada do Brasil. Isso afeta não só o passageiro, mas carga. Hoje o custo para o carioca é muito maior, para o turista que vem para o Brasil, para o Rio, é muito maior para chegar ao destino final", defendeu.
A limitação de voos no Santos Dumont é um pleito antigo do prefeito, que busca viabilizar financeiramente o Galeão. O aeroporto internacional sofre com a concorrência do Santos Dumont, mais central e preferido por passageiros e companhias aéreas.
Paes vem tentando desde o ano passado encontrar uma solução para o Galeão e chegou a se reunir com o ex-presidente Jair Bolsonaro para tratar do assunto.
Um dos problemas do Galeão é a sua viabilidade financeira ante a concorrência com o aeroporto Santos Dumont, mais central.
Para especialistas, o aeroporto internacional sofre um esvaziamento causado pela quantidade de voos domésticos que pousam e decolam do Santos Dumont.
Histórico de problemas
Em dezembro, Paes chegou a acusar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, de “destruir” o Galeão. Tarcísio era ministro da Infraestrutura de Jair Bolsonaro quando a RioGaleão resolveu devolver a concessão, depois que a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) negou pedido de reequilíbrio econômico-financeiro por perdas na pandemia.
Outro problema do Galeão está relacionado à sua concessão, também abordado no encontro entre Paes e Lula. Paes afirmou, no entanto, que uma solução para esse imbroglio "fica para depois".
A Changi, controladora da RioGaleão, havia desistido do contrato. Agora, ela pretende continuar como concessionária, mas pede melhores condições para seguir como concessionária. O tema está sendo discutido entre Lula e o governador do Rio, Cláudio Castro.