Finanças
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Por Larissa Garcia, Valor — Brasília


A visita da rainha da Holanda, Máxima Zorreguieta, a uma escola pública de Brasília para conhecer o projeto de educação financeira do Banco Central (BC) "Aprender Valor", na manhã desta quarta-feira (7), evidenciou o abismo social entre países avançados e emergentes. O presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, participou do encontro.

Em uma conversa com os alunos, enquanto a monarca dava dicas de como poupar dinheiro para comprar "coisas grandes" como um iPad ou uma bicicleta, as crianças contavam que tinham desejos mais simples, como comprar remédios para o pai doente ou o ingresso do cinema. Uma aluna disse que queria poupar para ajudar a mãe.

O colégio fica na Asa Norte, bairro nobre da capital federal, mas também recebe crianças de regiões mais pobres do Distrito Federal.

O projeto do BC leva educação financeira a escolas públicas de todo o país. "Quando eu estava na escola, eu não tive [aula de] educação financeira. Quando eu fiz 17 anos e terminei a escola, eu tive que trabalhar e comecei a ganhar algum dinheiro, mas não correu tudo bem. Eu estava gastando mais do que estava ganhando", disse Zorreguieta, que nasceu na Argentina, aos estudantes.

A rainha, que atua como assessora especial do secretário-geral das Nações Unidas para o Financiamento Inclusivo para Desenvolvimento (UNSGSA, na sigla em inglês), disse que tinha "muitos sonhos", como comprar um carro ou uma casa e percebeu que não seria possível sem economizar.

Em um exercício proposto pelo programa do BC, os alunos tiveram que formular "sonhos" de curto, médio e longo prazos para que pudessem se organizar financeiramente. Uma aluna foi convidada a contar o que havia planejado. "Meu sonho de curto prazo escolhido foram as minhas férias do final do mês. Para isso, preciso ter um bom desempenho na escola. Meu sonho de médio prazo escolhido foi a minha formatura do final do ano, para isso estou juntando dinheiro no meu cofrinho e planejo vender pulseiras. Meu sonho de longo prazo escolhido foi meu pai melhorar. Para isso, planejo vender coisas para ganhar dinheiro e comprar os remédios necessários e pagar os especialistas que ele necessita", disse a menina.

Ao perguntar se alguém recebia mesada, outra estudante levantou e contou que recebia R$ 20 por mês e que economizava tudo. "Vocês guardam por guardar ou guardam por um objetivo?", questionou a rainha, enfatizando que também era importante poupar por um motivo específico. Quando as crianças responderam o que queriam comprar, que em geral eram coisas simples, ela insistiu: "O que vocês querem comprar? Coisas grandes, como uma bicicleta ou até, quem sabe, um iPad, ou um iPad usado", continuou.

"A minha tia tem um pouquinho de dinheiro aí quando a gente vai no shopping a gente procura comer lá", respondeu uma aluna, dizendo que também poupava para comprar o ingresso do cinema. Outra disse que quer ir para a Disney, que fica nos Estados Unidos. Depois, Zorreguieta perguntou quem gostaria de comprar um smartphone e a maioria levantou a mão. "Um smartphone custa muito dinheiro", disse. "Vocês sabem quanto custa uma conta de telefone aqui no Brasil?", completou.

"Eu ganho R$ 100, na minha conta atual, eu tenho R$ 317. Eu junto e ajudo minha mãe quando posso", contou, sob aplausos, uma aluna em seguida.

A visita da rainha era muito aguardada pelos estudantes, que prepararam uma apresentação musical para o início do encontro. Antes de sua chegada, uma criança perguntou à equipe do Banco Central se ela chegaria em uma carruagem de abóbora, em referência à história da Cinderela.

Rainha Máxima, da Holanda, em meio a crianças de escola pública no Distrito Federal — Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
Rainha Máxima, da Holanda, em meio a crianças de escola pública no Distrito Federal — Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
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