O Conselho de Administração da Petrobras encaminhará para análise dos acionistas uma proposta de correção da remuneração fixa dos administradores da companhia pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) acumulado de 2013 a 2022, período em que o índice registrou alta de 43,88%, disse a estatal nesta quinta-feira (23).

No ano passado, o então Ministério da Economia apontou que os executivos da Petrobras e de parte de suas subsidiárias tinham os maiores salários entre as empresas públicas federais.

Dados da época mostram que o presidente da petroleira tem remuneração fixa de cerca de R$ 116,8 mil, além de 13º e adicional de férias. Esse valor não inclui a remuneração variável, que depende dos resultados da companhia.

Caso seja aprovado o reajuste, o salário do presidente, Jean Paul Prates, poderia chegar a um valor em torno de R$ 168 mil.

Já a remuneração básica de um diretor é de R$ 111.201,13, ainda de acordo com os dados de 2022. Com o reajuste, esse montante chegaria a quase R$ 160 mil.

A proposta não tem efeito imediato e sua eventual aprovação, caso acolhida pelos acionistas, impactará a remuneração dos administradores somente após a data de realização da AGO (Assembleia Geral Ordinária de acionistas) de 2023, afirmou a Petrobras em comunicado.

A assembleia de acionistas está prevista para ocorrer no dia 27 de abril.

A proposta também será enviada para avaliação da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais, disse a empresa.

Em nota, a Petrobras diz que a decisão considerou os resultados positivos obtidos pela companhia e a defasagem da remuneração dos administradores em relação ao mercado.

A empresa afirma que a remuneração do presidente da empresa equivale a 19% da mediana da remuneração total anual de seus equivalentes no mercado; a dos diretores equivale a 55%.

"Cabe esclarecer que os conselheiros eventualmente beneficiados pelo reajuste se abstiveram de votar. Assim como, votaram favoravelmente aqueles em vias de deixar o Conselho de Administração, com base em percepção de oportunidade de melhoria dos valores de remuneração atualmente praticados, à luz de referências de empresas com as mesmas características."

Ainda segundo a petroleira, a defasagem foi ampliada nos últimos anos em função do congelamento da remuneração da diretoria, "o que não ocorreu com o restante da força de trabalho, que teve sua remuneração atualizada ao longo deste período".

Mesmo antes de assumir a presidência da Petrobras, Prates tem defendido alterações na política de pagamento de dividendos e de preços da companhia.

Mais cedo, nesta quinta, o presidente da petroleira voltou a afirmar que o PPI (preço de paridade de importação) é apenas uma referência e que uma queda do valor da gasolina não está descartada.

Na quarta-feira (22), o Conselho de Administração da Petrobras aprovou os novos diretores da estatal, marcando uma renovação do quadro sob o comando da gestão petista no governo federal.

O mandato da nova diretoria se inicia em 29 de março e tem prazo até 13 de abril de 2025, disse a Petrobras, em outro comunicado.

Colaborou DOUGLAS GAVRAS, com Reuters