Garimpo cresce no Brasil e mais de 91% de sua área está na Amazônia

Dados do MapBiomas apontam concentração dos garimpos brasileiros no Pará e em Mato Grosso

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São Paulo

A área de garimpo no Brasil continua crescendo e, desde 2019, é maior do que a da mineração industrial. Mais de 91% da área garimpeira brasileira está na Amazônia, segundo dados do MapBiomas divulgados nesta segunda-feira (26).

O levantamento aponta que, de 2010 a 2021, a área de garimpo passou de 99 mil hectares para 196 mil hectares. Em comparação, a de mineração industrial demorou 20 anos para aumentar de 86 mil hectares para 170 mil.

Área de florestas destruída, com buracos e piscinas; em volta há trechos de floresta intactos
Policiais federais atuam em garimpos ilegais na região do rio Crepori, afluente do rio Tapajós, no município de Jacareacanga, no Pará, estado líder em área de garimpo, segundo dados do MapBiomas - Pedro Ladeira - 16.fev.2022/Folhapress

Pará, especialmente, e Mato Grosso são os estados que concentram a atividade garimpeira, com quase 92% da área toral.

Já a mineração industrial está concentrada principalmente em Minas Gerais, responsável por 36% da área do setor. Em seguida, aparece o Pará, com 24%.

Há diferenças entre o que o MapBiomas classifica como garimpo e como mineração industrial. No garimpo, de forma geral, estão concentradas as extrações de ouro —predominante— e estanho. A mineração industrial tem mais diversidade, com exploração de ferro, alumínio e outros produtos.

Os dois tipos considerados pelo levantamento se diferenciam também pela escala da operação: enquanto o garimpo é baseado em técnicas mais simples, como pás escavadeiras e bombas de sucção, a mineração industrial é caracterizada por ações em uma escala maior, segundo Cesar Diniz, coordenador-técnico do mapeamento de mineração do MapBiomas.

Um dos problemas apontados pelos dados está na expansão do garimpo em áreas protegidas. Segundo o levantamento, de 2010 até 2021, houve um crescimento de 625% da área garimpada nos territórios indígenas, uma exploração que é ilegal.

"Pelo menos, 12% do garimpo nacional é necessariamente ilegal. Essa é a quantidade de garimpos que existe dentro de áreas restritas à atividade garimpeira, que são terras indígenas e unidades de conservação de proteção integral. Nessas regiões não pode existir garimpo", afirma Diniz. "Fora desses 12%, espera-se que exista um contingente de ilegalidade muito maior."

A concentração da garimpo na Amazônia acaba sendo importante por causa dos impactos ambientais envolvidos na atividade econômica. O presidente Jair Bolsonaro (PL) defende a liberação de exploração mineral dentro de terras protegidas, como áreas indígenas. Além disso, há projeto no Congresso que segue na mesma linha.

O levantamento do MapBiomas sobre mineração inclui dados do CPRM (Serviço Geológico Brasileiro), da Ahk Brasilien (Câmara de Comércio e Indústria), do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), do Isa (Instituto Socioambiental) e utilização de um algoritmo de deep learning.

O projeto Planeta em Transe é apoiado pela Open Society Foundations.

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