A empresária Luiza Trajano, única brasileira incluída na lista das 100 pessoas mais influentes do mundo em 2021 divulgada pela revista Time, defendeu, esta quarta-feira, o projeto no qual pretende que mulheres ocupem 50% dos mandatos públicos no Brasil.

“Sei que não vamos conseguir 50% (nas eleições presidenciais, legislativas e regionais de 2022), mas não renunciaremos. Será que daqui a cinco anos vamos conseguir?”, questionou a empresária e líder do Grupo Mulheres do Brasil num pronunciamento feito hoje no Latam Retail Show, o maior evento de comércio e consumo da América Latina.

A líder empresarial e presidente do Conselho de Administração da rede de lojas Magazine Luiza afirmou que o Brasil é um dos países mais atrasados do mundo em termos de igualdade de género, já que as mulheres, apesar de serem maioria na população, só ocupam 12% dos mandatos públicos e 7% dos conselhos de administração das empresas.

Trajano é a principal dirigente do Grupo Mulheres do Brasil, criado em 2013 por 40 mulheres líderes em diversos setores, que conta com 95 mil participantes e que propôs um plano estratégico de 10 anos (2022-2032) para alcançar a igualdade de género no país.

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O seu pronunciamento coincidiu com o lançamento da nova lista das 100 pessoas mais influentes do mundo da revista Time, da qual foi excluído o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e da qual Trajano é a única personalidade brasileira.

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A empresária defendeu o caráter apartidário do Grupo Mulheres do Brasil, instou à união no país e ao fim da atual radicalização política.

“Precisamos assumir o nosso papel como líderes cidadãos. Não podemos continuar divididos. Temos que trabalhar num projeto de união para o Brasil”, disse.

“Se o projeto de um partido é bom no meio dessa quantidade de partidos com que contamos, temos de o apoiar seja de que forma for. Não temos que trabalhar por partidos. Temos que trabalhar por projetos”, afirmou a empresária.

Nesse sentido, reafirmou que o Mulheres do Brasil veta a participação dos seus membros em atividades de proselitismo por se tratar de um grupo comprometido “com a democracia, a liberdade e a educação e saúde para todos”.

Trajano, que é vista como uma possível candidata à Presidência brasileira para as eleições de 2022, descartou repetidamente essa possibilidade. “Nunca fiz parte de nenhum partido nem pensei em ser candidata, até porque não tenho experiência”, declarou.

A empresária foi incluída na lista da Time na categoria “titãs”, ou seja, entre profissionais que são referência nas suas áreas de atuação, ao lado de personalidades como a ginasta norte-americana Simone Biles, a autora Shonda Rimes e o presidente executivo da Apple, Tom Cook.

O perfil com que é apresentada pela revista foi escrito pelo ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva.

“Num mundo de negócios ainda dominado por homens, a brasileira Luiza Trajano conseguiu transformar o Magazine Luiza, que começou com uma única loja em 1957, num gigante do varejo de dezenas de milhares de milhões. É uma grande conquista — uma entre muitas”, escreveu o histórico líder do Partido dos Trabalhadores (PT) no seu texto.

Lula, principal rival político de Bolsonaro e que as sondagens apontam como favorito para as presidenciais do próximo ano, destacou as iniciativas da empresária para ajudar os pequenos negócios, promover a participação das mulheres e até mesmo no incentivo à campanha de vacinação contra a Covid-19.

“Num mundo onde bilionários queimam fortunas em aventuras espaciais e iates, Luiza se dedica a um tipo diferente de odisseia. Ela assumiu o desafio de construir um gigante comercial e ao mesmo tempo construir um Brasil melhor”, defendeu Lula.

Trajano também consta na lista dos mais ricos do mundo da revista Forbes, onde a sua fortuna, avaliada em 3.900 milhões de dólares (3.300 milhões de euros), é a décima terceira maior do Brasil.