Fundos de Ações

Por Naiara Bertão, Valor Investe — São Paulo

A Santander Asset Management, gestora do grupo espanhol, anunciou ontem o relançamento oficial de seu fundo Ethical, um dos primeiros com a temática sustentável, que segue critérios ambientais, sociais e de governança corporativa (ESG) para escolher quais papéis vão compor a carteira. A remodelação do fundo já havia sido adiantada pelo Valor Investe em julho.

O fundo, criado em 2001 pelo então Banco Real, que foi adquirido pelo Santander, passou nos últimos meses por uma mudança importante de critérios de seleção, conforme explicaram o chefe da gestora do Santander, Gilberto Abreu, e a analista de ESG da casa, Luzia Hirata.

Este ano começamos a aplicar uma metodologia global desenvolvida pelo time de analistas especialistas em ESG do Santander a partir de dados de provedores de informações ESG”, comenta Luzia. “São analisados um conjunto de dados nas três dimensões – ambiental, social e de governança corporativa. O desempenho das empresas é avaliado em termos absolutos e relativos, ou seja, em comparação a outras companhias”, completa.

A casa também resolveu lançar um fundo de previdência que têm 70% do patrimônio da estratégia do Ethical e 30% ativos de renda fixa, como manda a legislação. Com taxa de administração de 1,6% (não cobra taxa de performance), é possível investir a partir de R$ 30. O Ethical cobra 2% de taxa de administração, não cobra performance, e recebe investimentos a partir de R$ 100, lembrando que é um fundo arriscado por ser 100% de ações.

Apesar de ser um dos primeiros a ter um fundo com a temática ESG no portfólio, outras gestoras saíram na frente quando perceberam que o investidor estava mais atento a questões ambientais, tanto para comunicar o que estavam já fazendo quanto para criar novos produtos na temática.

“Nunca deixamos de fazer. Começamos em 2001, somos signatários do PRI [Princípios para o Investimento Responsável] desde 2005 e nossa história e fluxos internos já tratavam isso. O novo não é só olhar ESG, mas fluxos e tomadas de decisão olhando ESG, o que já usamos dentro do grupo e não era algo que o mercado se preocupava”, comenta Gilberto ou Giba, como é conhecido no mercado financeiro.

Ele explica que clientes maiores, como os institucionais, fundos de pensão e family offices estão cada vez mais preocupados com essas questões e acredita que elas serão cada vez mais incorporadas na decisão de investimento.

“Estamos dando mais uma vez um passo à frente. Enquanto todos estão falando de ESG, agora estamos adotando como prática de toda a asset um outro nível de metodologia e processos de investimentos”, diz o executivo.

Metodologia

A metodologia, porém, não foi só desenvolvida para o fundo Ethical. O banco, que já utilizava critérios de sustentabilidade para medir o risco de crédito privado, agora incluiu a mesma fórmula em todos os produtos da asset no Brasil.

“A estratégia ESG deixa agora de ser uma metodologia de construção de produto e passa a ser uma classificação de empresas e papéis que agora funciona como o 'modus operandi' de todos os investimentos da asset”, reitera Luzia.

A escolha dos ativos acontece em algumas etapas. A primeira delas é a observação da nota de cada empresa em relação a questões ambientais, sociais e de governança, obtidas a partir de diversos dados. A coleta dessas informações é feita por uma empresa terceira internacional especializada no assunto, a Clarity.

As informações são, então, processadas na Espanha, pelo time de oito pessoas dedicadas à ESG, e todas as assets do banco têm acesso e liberdade para aplicar outros filtros em cima para chegar à seleção dos ativos.

No Ethical, por exemplo, é feita uma análise fundamentalista sobre as empresas e também avaliação sobre seu potencial de valorização (se a ação já não está muito cara, por exemplo).

No portfólio orbitam entre 25 a 30 empresas, escolhidas a partir de uma análise combinada de fundamentalista e metodologia ESG. Segundo Luzia, as empresas são divididas por quartis de desempenho e que 80% da carteira do fundo é composto por papéis dos quartis um e dois, de notas mais altas tanto no parâmetro absoluto quanto no relativo. Os 20% restantes podem ser alocados em empresas que ainda precisam melhorar, mas que a equipe de gestão acredita que estão nessa direção.

“O fato de a gente criar uma metodologia objetiva para falar de ESG trás, além do aspecto interno, também capacidade de mudar as empresas. Empresas que estão sendo preteridas por não terem práticas sociais, ambientais e de governança vão se sentir mais motivadas a buscar um nível maior”, diz a analista.

Antes, a análise era mais qualitativa e rasa: a partir de 23 questões, a equipe atribuía nota de sustentabilidade para cada critério. Agora, a metodologia é alinhada com padrões globais e muito mais recheada de dados qualitativos, mas também quantitativos.

Também contavam, desde 2001 até o ano passado, com um conselho deliberativo que dava seus pitacos e opiniões sobre a gestão. Este ano o conselho foi dissolvido. Quando perguntado pelo Valor Investe porque o conselho deixou de existir, Gilberto, explicou que a metodologia criada é mais eficiente e completa e, portanto, não havia mais necessidade do conselho.

“Em 2001 éramos pioneiros. Não existia metodologias e o conselho era a ferramenta que usamos para tratar de maneira qualitativa a escolha das empresas. À medida que temos uma metodologia mais aprimorada, não precisamos mais do conselho”, diz Gilberto.

Visão holística

E não são apenas empresas listadas em bolsa que o banco considera para a análise ESG. A área de renda fixa, que estrutura, desenvolve produtos e distribui títulos de dívida corporativa já avalia questões ambientais, sociais e de governança há 15 anos, segundo Karine Bueno, responsável pela área de sustentabilidade do Banco Santander Brasil. O enfoque é menos no retorno potencial (como é o caso da asset), mas nos riscos da empresa.

“Conforme o assunto vai evoluindo, é natural que acompanhemos essa evolução na questão da metodologia e perspectiva socioambiental”, diz a executiva. Ela cita que o banco foi pioneiro em participar de leilões de energia eólica e conceder crédito a indivíduos e empresas que queiram instalar painéis solares.

Também diz que, de 2017 para cá, a área de crédito corporativo do Santander já viabilizou mais de R$ 30 bilhões em instrumentos financeiros sustentáveis, valor que inclui emissões de green e blue bonds (títulos de dívida atrelados a investimentos ambientais e sociais), microfinanças, entre outros.

“Sabemos que é preciso US$ 125 trilhões de dólares para se atingir em 2030 as metas de aquecimento global e desenvolvimento sustentável, mas temos sido bastante ativos, inclusive dentro do banco, com meta de consumo de energia renovável, políticas de diversidade e inclusão e outros quesitos”, diz Karine.

Vale ressaltar, porém, que apesar de o escopo da análise da gestora ser de empresas listadas em bolsa, não há restrição de tamanho – são avaliadas pequenas, médias e grandes companhias. Mas, há ainda um problema de falta de informações no mercado brasileiro e latino, como um todo.

Segundo Luzia, as empresas brasileiras ainda estão caminhando para medir parâmetros de sustentabilidade e muitas ainda precisam melhorar os critérios. Por isso, acontece de algumas, principalmente as menores, não entrarem no radar da análise ESG do banco porque não têm informações suficientes.

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